Uma Manhã Especial: os Prêmios Especiais da Academia Latina da Gravação® foram, mais uma vez, uma festa de recordações, alegria e muitas emoções

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    Premios Especiales 2014
Novembro 19, 2014 -- 1:00 pm PST

Não é de surpreender que um dos momentos mais comoventes durante a apresentação dos Prêmios Especiais 2014 da Academia Latina da Gravação estivesse ligado à beleza de uma boa canção.

Ao receber o Prêmio à Excelência Musical, o lendário  Dúo Dinámico da Espanha começou a cantar, harmonizando à perfeição, improvisando uma breve estrofe de um de seus maiores sucessos “Quince Años Tiene Mi Amor” – fazendo uma óbvia referência aos 15 anos do Latin GRAMMY.

A cerimônia dos Prêmios Especiais convida a uma reflexão sobre a riqueza e variedade de nossa música. É uma festa diurna, carregada de emoção, e uma oportunidade de celebrar pessoalmente uma eclética galeria de criadores que, cada um à sua maneira, mudaram para sempre o panorama da música ibero-americana.

César Costa, pioneiro do rock mexicano, falou sobre seu “longo e belo romance com seu público”.  A argentina Valeria Lynch, com a mesma efervescência que define seu cantar, fez uma declaração de princípios: “Vivi sempre com paixão tudo o que encarei em minha carreira”.

Já Los Lobos, gigantes do rock chicano, padrinhos de uma fusão que une as raízes do folclore mexicano com o mais puro rock’n’roll americano, agradeceram às suas famílias, recebendo o tributo com notável humildade.

Quase todos os que receberam os prêmios também reconheceram a importância de suas influências. O salsero cubano Willy Chirino, criador do som de Miami que mistura ritmos tropicais com a sedução do pop, mencionou gigantes como Beny Moré, Celia Cruz, Tito Puente e os Beatles, para despois agradecer “aos que dançam sua música” e à sua esposa Lisette, com quem está casado há mais de 34 anos. “Para os parâmetros desta indústria, é como se fossem como 100!”, exclamou entre gargalhadas do público. “Ela é minha melhor  conselheira, super crítica no melhor sentido da palavra.”

Carlos do Carmo, um dos maiores cantores de fado de todos os tempos, gênero português por excelência, falou sobre sua pátria, reconhecida pela primeira vez com um Latin GRAMMY. “Nasci em um país belo e antigo, com características muito particulares.  Meu povo adora cantar, e não é possível cantar fado sem uma profunda paixão.”

Aí chegou a vez do último homenageado do dia, Ney Matogrosso, um artista em todo o sentido da palavra: rebelde, contestatório, com uma imaginação ilimitada.  “Estou totalmente consciente da importância deste prêmio”, disse este que foi um pioneiro do glam-rock e um veterano da música brasileira.  “Jamais, nem em meus mais loucos sonhos, pensei que algum dia poderia receber uma honraria como esta.” 

Infelizmente, o venezuelano Juan Vicente Torrealba não pode receber o Prêmio da Junta Diretiva em pessoa. Porém um dos mais reconhecidos executivos da indústria discográfica brasileira, André Midani, sim esteve presente, deleitando o público com uma história ocorrida no México, quando uma funcionária da Imigração do aeroporto local considerou seu histórico “estranho”: nasceu na Síria, residente do Brasil, chegando da Colômbia ao México e falando espanhol com sotaque francês. “Você não é uma pessoa confiável”, disse a mulher. Com o Latin GRAMMY nas mãos e dirigindo-se à sua esposa, Midani concluiu sua história exclamando: “Te disse, meu amor, que um dia eu seria digno de confiança!”.     

A foto final, com todos os homenageados no palco, foi cheia de sorrisos e brincadeiras entre os presentes. Mesmo para estas verdadeiras lendas vivas da música, acostumadas a receber honrarias, era possível sentir no ar que este sim é um evento especial.