O artista Roy Feinson sempre foi fascinado com perspectiva — como uma pessoa vê um determinado objeto de uma maneira, enquanto outra pessoa verá o mesmo objeto de forma completamente diferente. Então, para obter uma nova perspectiva sobre seu próprio prêmio Latin GRAMMY, a Academia Latina da Gravação comissionou Feinson para criar a arte que marca a 15ª Entrega Anual do Latin GRAMMY, que será realizada dia 20 de novembro em Las Vegas.
Um pioneiro no campo de mosaicos fotográficos, a arte de Feinson para a 15ª Entrega Anual do Latin GRAMMY marca uma espécie de retorno. Em 2007, Feinson foi contratado pela Academia da Gravação para criar uma arte de mosaico fotográfico para a comemoração do 50º aniversário do GRAMMY.
Nesta entrevista exclusiva para o site LatinGRAMMY.com, este Brunelleschi moderno fala sobre o processo de criação do mosaico, suas teorias sobre som e visão, e sua agenda de relaxamento incomum.
Seu mosaico fotográfico para a 15ª Entrega Anual do Latin GRAMMY é composto por fotos de apresentações anteriores do prêmio Latin GRAMMY. Quantas fotografias foram necessárias para fazer esta peça?
Eu vou tentar adivinhar e dizer que foram 2.500 fotos. O desafio com este tipo de mosaico é diferente de todos os processos anteriores em que eu uso imagens que são de tamanhos diferentes, recortes diferentes, orientações diferentes. Se você quisesse fazer um mosaico fotográfico convencional, usaria todas as fotos quadradas, que se encaixam. Eu queria elevar este processo um pouco e usar uma variedade de formas; então demorou muito mais preparação.
Por que você escolheu o conceito de globo?
A ideia por trás do globo foi para apresentar uma forma de unir a América do Norte, América do Sul, Portugal e Espanha, os quais compõem as principais áreas de mercado do Latin GRAMMY. Portanto, se você é um amante da música latina, estará representado por um dos países do mosaico.
Explique como chegou a este conceito.
Isso foi realmente uma colaboração entre mim e a Academia Latina da Gravação. Consideramos um monte de ideias diferentes. O que gostaríamos de fazer é realmente jogar com a força do mosaico propriamente dito. O que é inerente a qualquer mosaico é essa ideia de reunir imagens díspares e encontrar uma maneira de fundi-las em uma única imagem. Isso espelha o cenário da música latina, que se une vindo de três continentes diferentes para criar uma experiência comum de música que pode ser apreciada por toda a comunidade latina.
Seu mosaico parece meticulosamente montado. Em que medida você usou softwares para montá-lo?
O que você está vendo no mosaico do Latin Grammy é muito de um processo manual. Não há realmente nenhuma maneira para um software criá-lo desta forma. Eu uso meu próprio software proprietário para decodificar a cor, os contrastes e as formas, mas a montagem real disto é tudo feita à mão, dentro do computador. Cada imagem é colocada, girada e dimensionada por mim, embora o computador, de alguma maneira, me guia.
Você foi contratado em 2007 para criar o mosaico impressionista para o 50º GRAMMY. Na sua opinião, como as duas obras se diferem conceitualmente?
O que eu fiz para o 50º Grammy anual foi uma construção real, daí construí uma tela de quase dois metros de altura para a qual recortei fotografias verdadeiras. A obra do Latin Grammy foi feita inteiramente em um computador, usando um processo similar, exceto com centenas de camadas dentro do próprio computador.
Você nasceu e cresceu na África do Sul. O país influenciou o seu trabalho?
Eu sou fascinado com a diversidade de pessoas que se juntam para formar um país e a África do Sul, talvez mais do que qualquer outro país, encarna isso. Há em torno de 12 línguas oficiais na África do Sul e há uma grande variedade de culturas e raças que vivem ali. Acho que todos os sul-africanos orgulham-se disso. A personalidade do país emerge desta combinação de culturas diferentes.
Você tem uma licenciatura em ciência fotográfica e comunicação visual. Como esta educação influenciou a sua arte?
Eu acho que quando você está imerso em um ambiente visual, este lhe mostra novas maneiras de olhar para coisas velhas. Como se você tirasse uma fotografia e só mudasse a perspectiva ligeiramente; poderia ver algo totalmente diferente. Isso me ensinou a não avaliar as coisas pelo seu valor nominal. Há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, até mesmo no mundano.
Você acredita que a visão é uma construção do nosso cérebro e nem sempre um reflexo preciso do mundo real. As pessoas também interpretam mal sons musicais?
Absolutamente. Vamos dizer que você está na cama à noite e os vizinhos na rua estão tocando música em som alto. Para você, eles estão tocando algo muito diferente ao que eles estão ouvindo. Você está ouvindo principalmente baixos e baixas frequências da música e muito pouco das altas frequências, como o cantor ou a guitarra — tudo isso está bloqueado pelo ambiente. Isso é um exemplo perfeito de como uma peça de música pode soar completamente diferente de uma pessoa para outra.
De que tipo de música você gosta e por quê?
Eu não tenho um gênero de música em particular de que gosto, para a frustração da minha esposa. Eu procuro o inusitado e o inesperado em música, e gosto de músicas onde não posso prever para aonde a artista está indo. Eu escuto os detalhes que realmente atraem meus ouvidos e não tanto a música em si. Há muito desta imprevisibilidade na música clássica.
Você é um artista, engenheiro de software, o autor de três livros sobre comportamento animal e é creditado como tendo inventado o texto preditivo do telefone celular. Quando você dorme?
[Risos] Nas tardes de quinta-feira! É isso.
(Bruce Britt é um premiado jornalista e ensaísta, cujos trabalhos já foram publicados pelo The Washington Post, USA Today, San Francisco Chronicle, Billboard e outras publicações. Ele mora em Los Angeles.)